Corte de ratings na UE não afetará economia mundial, dizem analistas

SÃO PAULO - O corte nos ratings de nove países pela Standard & Poor's, anunciado na última sexta-feira (13), não deve gerar impactos econômicos muito fortes para a zona do euro, avaliam os analistas. A França e Áustria perderam o triplo A - principal nota na escala de avaliação da agência -, indo para AA+, com perspectiva negativa para ambos países, o que indica a possibilidade de um novo corte até o final do próximo ano, de acordo com a metodologia da agência. De acordo com a equipe de análise do Danske Bank, apesar da negatividade do corte da nota de classificação de risco dos bancos, o mundo não deve entrar num novo movimento negativo como foi observado de agosto até o começo de dezembro. "Há vários sinais de que a economia gloal está entrando em um período de recuperação moderada." Para isso, os analistas ressaltam que as operações de refinanciamento de longo prazo (LTRO) de três anos, realizadas pelo BCE (Banco Central Europeu), deram suporte ao mercado de dívidas soberanas, particularmente nos títulos de vencimento mais curto. "Desse modo, nós não vemos motivos para que um movimento das agências de rating deva necessariamente mudar esse cenário", avalia o banco dinamarquês. Corte do rating de bancos Para a equipe de pesquisa econômica do Crédit Agricole, a decisão da S&P de baixar a nota de nove países da Zona do Euro já era esperada e precificada pelo mercado. Porém, houve certa surpresa em relação ao período de tempo e justificativa feita pela agência para realizar o corte, em meio a um cenário mais otimista para a zona do euro. Assim, a implicação imediata para cada membro deve ser limitada, em termos de precificação de mercado e dos títulos, em particular. A S&P alegou sua decisão no fato que as medidas tomadas pela UE para estabilização do mercado de títulos e da economia estavam aquém do esperado. Porém, para o Crédit, ainda não está claro quais políticas a S&P gostaria que fossem realizadas pelos políticos europeus, se um pacto fiscal mais estrito ou um compromisso mais explícito com relação aos títulos da zona do euro. Situação mais complicada para Sarkozy Já o Société Générale ressalta que, apesar de não haver um impacto econômico imediato com o rebaixamento da nota de crédito da França, haverá consequências políticas para o presidente do país, Nicolas Sarkozy. O estadista terá a sua posição enfraquecida para as próximas eleições presidencias no país, que vão de 22 de abril a 6 de maio de 2012, favorecendo o candidato de oposição, Francois Hollande. A equipe de análise considerou como boa notícia a o fato da S&P não ter mantido a França em sua lista de observação negativa (Credit Watch Negative), apesar da perspectiva para a nota de crédito ainda ser negativa. "Portanto, nós não devemos considerar nenhum novo corte na nota de crédito do país pelos próximos seis meses", avalia. De acordo com os analistas Jürgen Michels e Guillaume Menuet, do Citigroup, apesar de amplamente esperado pelos mercados, os downgrades soberano é provável ter implicações políticas, provavelmente levando a aperto fiscal adicional. Enquanto há um aumento das captações do EFSF no início e maior afrouxamento da regulação financeira, é provável que para aliviar alguns dos efeitos, esse aperto provavelmente contribuirá para uma recessão ainda mais profunda na zona do euro. Implicações a longo prazo Os analistas do Société Générale avaliam que, como o movimento era amplamente esperado, as condições financeiras não se deteriorarão a tal ponto a desencadear uma revisão baixista da perspectiva de crescimento de 2012 para a zona do euro, que atualmente é de de estabilidade. Já a falta de políticas eficientes para a resolução do problema do euro, motivo alegado pela S&P para o rebaixamento do rating dos países da região, é um problema real para as perspectivas econômicas - tanto em 2012 quanto a médio prazo, avaliam. O tamanho do mecanismo de resgate precisa ser aumentado,assim como deve ser acertado um novo "pacto fiscal", afirmam. Na França, a austeridade e as reformas estruturais devem ser aceleradas, com preferência do banco por medidas nessa última área. Apesar desse movimento já ser percebido nos governos francês e italiano, "nossa preocupação, no entanto, é que a conclusão dessas medidas tanto na zona do euro quanto nacional será lenta", afirma. Ainda de acordo com o Société,a questão mais imediata é a capacidade dos mecanismos de resgate do EFSF para tornar o funcionamento da zona do euro mais eficaz. Para o banco, o EFSF terá que aumentar o valor de suas captações no próximo encontro dos líderes da União Europeia, entre 1º e 2 de março. Novas políticas do BCE Para os analistas Steve Barrow e Jeremy Stevens, do Standard Bank, a questão principal é em relação a abstenção do financiamento monetário, levando os países a se tornarem mais vulneráveis a um default, mas também mantém o euro relativamente forte e a expectativa de inflação baixa. Porém, enquanto mais cortes ocorrerem, maior será orisco do BCE em abandonar o lema de não monetização. "O BCE pode ser forçado a tornar o mercado de títulos mais forte, através da monetização, mas deve aceitar uma moeda mais fraca", avaliam. Assim, eles acreditam que a autoridade monetária não tomaria essa decisão, levando a uma desvalorização do euro, sem forçar alguns países a deixar a zona do euro", concluem. Já de acordo com os analistas Michels e Menuet, o BCE não deve mudar sua política como reação a esse corte. Só em caso de mais cortes, o BCE deve realizar novas políticas para procurar garantias adicionais. De acordo com Michels e Menuet, o governo alemão já propôs uma redução da influência das decisões da agência de classificação sobre os requisitos de investimento dos bancos e companhias de seguros. "Além disso, os reguladores podem aliviar as regras relativas à avaliação da valorização dos ativos soberanos. No geral, é provável que haja uma regulação mais amigável da dívida soberana, uma forma branda de repressão financeira", afirmam. fonte: http://economia.uol.com.br/ultimas-noticias/infomoney/2012/01/16/corte-de-ratings-na-ue-nao-afetara-economia-mundial-dizem-analistas.jhtm
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