RIO - O dólar comercial manteve valorização nesta quarta-feira, pelo quarto dia seguido. Por volta de 12h50, a moeda americana era negociada em alta de 2,73% ante o real, a R$ 1,838 na venda e a R$ 1,836 na compra. Na máxima do dia, o dólar chegou a R$ 1,846, expansão de 3,19% em relação ao fechamento de ontem. Desde 30 de junho de 2010 (quando ficou em R$ 1,804) o dólar não fecha acima de R$ 1,80.
Segundo analistas, a forte alta do dólar ajuda a explicar o comportamento dos negócios na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), que opera em alta nesta quarta-feira, descolada dos mercados dos EUA e da Europa. O Ibovespa, índice de referência do mercado brasileiro, subia 1,72%, aos 57.347 pontos, por volta de 12h50.
Com o real desvalorizado, as empresas exportadoras ou que têm sua receita baseada no dólar, como as produtoras de commodities (matérias-primas com cotação internacional), saem ganhando. A exportadora e fabricante de aviões Embraer lidera a alta do Ibovespa, com sua ação subindo 6,70%, a R$ 12,09.
Puxam o índice com mais força Petrobras PN (preferencial, sem direito a voto), com alta 2,13%, a R$ 21,04, e OGX ON (ordinária, com voto), com avanço de 3,15%, a R$ 12,74.
- O comportamento das ações da Petrobras poderá dar a direção do Ibovespa no curto prazo - diz o operador de bolsa da corretora Icap Brasil, Rodrigo Falcão.
Para Falcão, é preciso ainda ter atenção com as notícias relacionadas à reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), órgão do banco central americano (Federal Reserve, o Fed) que define a política monetária. O encontro da autoridade monetária dos EUA começou ontem e termina nesta quarta-feira.
- O mais importante sobre a economia americana é o plano de incentivo ao emprego e a questão da dívida, mas o Fed deverá anunciar algo - completa Falcão, para quem as notícias já estão muito ruins e é difícil piorarem ainda mais.
NO mercado de câmbio, o gerente de câmbio da Treviso Corretora de Câmbio, Reginaldo Galhardo, diz que a valorização do dólar ocorre por especulação de que um calote grego cause uma crise bancária.
- Os investidores estão se protegendo. Eles temem uma nova crise bancária que seria causada por uma possível quebra da Grécia. Os recursos ficariam muito escassos - explica.
Os estrangeiros seguem ampliando a posição comprada (que ganha com a alta do dólar) no mercado futuro de dólar, na BMFBovespa. Dados atualizados ontem mostram um aumento de US$ 4,39 bilhões para US$ 4,86 bilhões. Com isso, a posição líquida (incluindo dólar futuro e cupom cambial) dos estrangeiros está em US$ 8,667 bilhões no lado vendido.
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