Banco Central surpreende e reduz a taxa Selic para 12% ao ano


Após cinco altas sucessivas, autoridade monetária decidiu interromper ciclo de aperto monetário e baixou a Selic em 0,50 ponto percentual

São Paulo – O Comitê de Política Monetária (Copom) surpreendeu boa parte dos analistas e decidiu reduzir a taxa básica de juros em 0,50 ponto percentual, para 12% ao ano. A autoridade monetária interrompe o ciclo de altas sucessivas que já acontecia há cinco reuniões. O primeiro aumento desta sequência ocorreu na primeira reunião do ano, em 19 de janeiro, quando a taxa passou de 10,75% a 11,25%.

Na última reunião do Copom, em julho, o Banco Central (BC) não fez menção a manter o ciclo de aperto monetário por período “suficientemente prolongado”, como vinha enfatizando nas últimas reuniões. A ausência do comentário foi vista como um sinal de que a sequência de aumentos poderia terminar.
Ao reduzir a taxa, o BC sinaliza preocupações com o cenário econômico internacional ainda cheio de incertezas. Economistas que apostavam na queda da Selic afirmam que o desaquecimento da economia global já ameaça o mercado brasileiro. Assim, uma redução na pressão monetária ajuda a evitar que o crescimento do país seja sufocado.
Na próxima segunda-feira (25) o BC divulga novo Boletim Focus, trazendo a reação do mercado ao ajuste na Selic. Três dias depois, na quinta-feira (28), o BC divulga a ata da reunião do Copom. O documento mostra como a autoridade monetária enxerga o cenário econômico no Brasil e no mundo, e apresenta as justificativas para o aumento dos juros.
Ao fim da reunião, o Banco Central emitiu a seguinte nota: "O Copom decidiu reduzir a taxa Selic para 12,00% a.a., sem viés, por cinco votos a favor e dois votos pela manutenção da taxa Selic em 12,50% a.a. Reavaliando o cenário internacional, o Copom considera que houve substancial deterioração, consubstanciada, por exemplo, em reduções generalizadas e de grande magnitude nas projeções de crescimento para os principais blocos econômicos.
O Comitê entende que aumentaram as chances de que restrições às quais hoje estão expostas diversas economias maduras se prolonguem por um período de tempo maior do que o antecipado. Nota ainda que, nessas economias, parece limitado o espaço para utilização de política monetária e prevalece um cenário de restrição fiscal. Dessa forma, o Comitê avalia que o cenário internacional manifesta viés desinflacionário no horizonte relevante".

Para o Copom, a transmissão dos desenvolvimentos externos para a economia brasileira pode se materializar por intermédio de diversos canais, entre outros, redução da corrente de comércio, moderação do fluxo de investimentos, condições de crédito mais restritivas e piora no sentimento de consumidores e empresários. O Comitê entende que a complexidade que cerca o ambiente internacional contribuirá para intensificar e acelerar o processo em curso de moderação da atividade doméstica, que já se manifesta, por exemplo, no recuo das projeções para o crescimento da economia brasileira. Dessa forma, no horizonte relevante, o balanço de riscos para a inflação se torna mais favorável. A propósito, também aponta nessa direção a revisão do cenário para a política fiscal.
Nesse contexto, o Copom entende que, ao tempestivamente mitigar os efeitos vindos de um ambiente global mais restritivo, um ajuste moderado no nível da taxa básica é consistente com o cenário de convergência da inflação para a meta em 2012.
O Comitê irá monitorar atentamente a evolução do ambiente macroeconômico e os desdobramentos do cenário internacional para então definir os próximos passos na sua estratégia de política monetária.
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