Copom eleva taxa Selic para 12,5% ao ano


Não houve surpresa na decisão. O mercado apostava em uma alta de 0,25%, que representa a continuidade da estratégia verificada nas últimas elevações

O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) decidiu de forma unânime nesta quarta-feira aumentar em 0,25 ponto porcentual, para 12,50% ao ano, a taxa básica de juros da economia brasileira, a Selic. Não houve surpresa na decisão. O mercado apostava em peso em uma alta moderada da Selic, que representa a continuidade da estratégia verificada nas últimas elevações da taxa desde abril.
Para Flávio Serrano, economista sênior do banco de investimentos Espírito Santo, a decisão comprova que não houve mudança na atuação do BC desde o começo do ano. “O BC optou por uma forma mais gradual e mais longa de ajustes na Selic, levando em consideração as medidas macroprudenciais, como as altas dos compulsórios e do IOF nas operações de crédito”, avalia.
A partir da decisão de abril, ficou claro para os analistas que o Banco Central havia desistido dos aumentos de 0,5 ponto porcentual para a Selic verificados nas reuniões de janeiro e março – e que tinham marcado uma inflexão ante o período anterior, ainda no governo Lula, quando a Selic, a despeito das críticas dos economistas, foi mantida estável por todo um semestre.
Desde então, o BC tem reforçado em seus pronunciamentos a defesa de um ajuste ‘prolongado’ na política monetária. De acordo com os economistas, o Copom diminuiu o passo – com altas de 0,25 ponto porcentual – com o respaldo das chamadas medidas macroprudenciais.
Apesar de a decisão desta quarta-feira ser esperada, o resultado prático dessa elevação não é consenso entre os especialistas. Para Ricardo Denadai, economista do Santander, com a alta de 0,25 p. p., o desafio de trazer a inflação para o centro da meta, que é de 4,5%, fica ainda mais distante. “As informações recentes não mostram alívio algum da tendência subjacente da inflação”, disse, em comunicado a clientes.
De fato, o mercado prevê uma inflação bem acima do centro da meta não só neste ano, mas também em 2012. De acordo com a pesquisa Focus, divulgada pelo BC nesta segunda-feira, a expectativa é de que a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fique em 6,31% em 2011 – próximo do limite máximo tolerado pelo governo, que é de 6,5%. Para o próximo ano, a expectativa não oferece alívio aos formuladores de política monetária: 5,9%.
Para o professor de economia do Ibmec-RJ, Ruy Quintans, o aumento anunciado pelo Copom não resultará em nada, já que os gastos públicos excessivos anularão qualquer efeito. “O BC está experimentando taxas menores de juros combinadas com as medidas macroprudenciais e torcendo para dar certo. Mas essa elevação dos juros deveria vir acompanhada de uma redução da expansão dos gastos do governo, que até agora não aconteceu de fato”, pontua.
Próximas reuniões – O Copom se reunirá mais três vezes até o final do ano e o mercado aposta que, apenas no próximo encontro, em 31 de agosto, ocorrerá nova elevação dos juros. A pesquisa Focus aponta que a Selic fechará o ano em 12,75%, o que significa que, na visão dos economistas, haverá mais uma alta de 0,25 ponto porcentual. A expectativa se explica no fato de que os analistas estão convencidos de que o BC acha suficiente esse patamar de juros. A autoridade monetária, além de aceitar o fato de que o IPCA terminará 2011 bem longe da meta, continua monitorando os efeitos das medidas prudenciais, que vêm sendo adotadas desde dezembro. O próprio ministro Tombini tem reiterado que esta política possui uma defasagem de seis a nove meses até que seus resultados sejam sentidos na economia.

fonte: http://veja.abril.com.br/noticia/economia/copom-eleva-taxa-selic-para-12-5-ao-ano

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